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18 de julho de 2020


Apresentação da infecção pelo SARS-CoV-2 em crianças e adolescentes que se assemelha à doença de Kawasaki, doença de Kawasaki incompleta e/ou síndrome do choque tóxico.

A OMS publicou um documento sugerindo uma definição de caso preliminar para a síndrome multissistêmica associada à Covid-19:
·       Crianças e adolescentes de 0 a 19 anos com febre ≥ 3 dias mais dois dos seguintes:

o   Exantema ou conjuntivite não exsudativa bilateral ou sinais de inflamação mucocutânea (orais, mãos ou pés);

o   Hipotensão ou choque;

o   Sinais de disfunção miocárdica, pericardite, valvulite ou anormalidades coronarianas (incluindo achados do ecocardiograma ou elevações de troponina/pró-BNP);

o   Evidência de coagulopatia (TP, TTPA, D-dímero elevado);

o   Problemas gastrointestinais agudos (diarreia, vômito ou dor abdominal);

·       Mais marcadores elevados de inflamação, como VHS, PCR ou procalcitonina;

·       Mais evidência de Covid-19 (RT-PCR, teste antigênico ou sorologia positiva) ou provável;

·       Mais nenhuma outra causa de inflamação microbiana, incluindo sepse bacteriana, síndromes de choque estafilocócico ou estreptocócico;

·       É necessário confirmar a infecção pelo SARS-CoV-2, soroconversão ou exposição à Covid-19 nas últimas quatro semanas antes do início dos sintomas.
Acompanhamento
·       Uso apropriado de equipamento de proteção individual (EPI);

·       Monitorização cardiorrespiratória rigorosa, incluindo oximetria de pulso contínua, aferição de PA e ECG;

·       Coleta de exames de entrada e de controle: hemograma, urina tipo 1, eletrólitos, bioquímica, coagulograma, fibrinogênio, D-dímero, ferritina, troponina, pró-BNP, CK, sorologias, hemocultura, urocultura, coprocultura e cultura da orofaringe, triglicérides;

·       Solicitar painel viral respiratório, com pesquisa de SARS-CoV-2 por RT-PCR e sorologia para SARS-CoV-2;

·       Atentar-se para a possibilidade de rápida deterioração do quadro clínico com piora da inflamação (elevação ou persistência da febre, piora cardiorrespiratória, agravamento dos sintomas gastrintestinais, hepatoesplenomegalia ou linfadenopatia, piora do exantema cutâneo e dos sintomas neurológicos);

·       Dados laboratoriais de agravamento do quadro: 
     citopenias, hiperferritinemia, VHS baixo ou em queda (sugerindo tempestade de citocinas), consumo abrupto do fibrinogênio (coagulopatia), TGO, TGP ou DHL em ascensão, hipertrigliceridemia, aumento de D-dímero e hiponatremia com comprometimento da função renal;

·       Nos casos com envolvimento miocárdico (troponina e/ou pró-BNP elevados, alterações ao ECG e/ou anormalidades no ecocardiograma), fazer monitorização rigorosa com exames.
Abordagem Terapêutica
·       Tratamento de suporte para doença leve ou moderada;

·       Não realizar terapias antivirais e imunomoduladoras fora de protocolos clínicos bem definidos;

·       Transferir pacientes quando houver deterioração clínica ou doença grave;

·       Em casos graves: reanimação e tratamento de suporte padrão do Pediatric Advanced Life Support (PALS), se necessário;

·       Realizar antibioticoterapia empírica após coleta de hemoculturas;

·       Considerar uso de gamaglobulina e AAS nos casos que preenchem critérios para doença de Kawasaki;

·       Avaliar gamaglobulina intravenosa caso os critérios para a síndrome do choque tóxico sejam preenchidos.


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