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12 de agosto de 2020

HIPOXEMIA SILENCIOSA NA COVID-19

Elimar Jacob Salzer Rodrigues

Baixos níveis de Oxigênio no sangue arterial (hipoxemia), são relacionados a uma alta taxa de mortalidade, principalmente naqueles pacientes com valores abaixo de 90%, mesmo com o emprego de oxigênio.

ATENÇÃO -  Na Covid-19, um alto número de pacientes apresenta-se sem dispneia, assintomáticos, mesmo tendo hipoxemia grave constatada na gasometria arterial.

Fisiologicamente a hipoxemia estimula os bulbos carotídeos, aumentando a resposta do centro respiratório. 

Este aumentará a ventilação/minuto (sempre que os níveis de PaO2 estiverem abaixo de 60 mmHg e por níveis de PaCO2 altos), através da estimulação do diafragma. Vias medulares encaminham essa resposta ao córtex, o qual produz a sensação da dispneia.

Por acometer o bulbo olfatório, o vírus pode acessar o cérebro contribuindo para o desenvolvimento da anosmia e dispneia.

Na SARS-CoV-2, a trombose microvascular pulmonar, limita as trocas gasosas e desencadeia uma hipoxemia severa.

Por mecanismos ainda não explicados, esses trombos mascaram a dispneia, levando à uma hipoxemia silenciosa.

Diabéticos e idosos apresentam resposta insatisfatória do seu centro respiratório à hipoxemia e apresentam mais a hipoxemia silenciosa.

Uma grande dificuldade, é o fato de a dispneia ser subjetiva, dificultando a análise da sua relação com a hipóxia, e ainda, a resposta do drive respiratório para a hipercapnia e/ou hipoxemia ser extremamente variável de um paciente para outro.

Alguns pacientes com hipoxemia grave não sentirão dispneia, enquanto outros com hipoxemia leve podem ter um grau de dispneia acentuad

Oximetria de pulso

  • O oxímetro estima indiretamente a saturação de oxigênio (SatO2) no sangue, pela iluminação da pele, medindo as mudanças da absorção da luz pela oxihemoglobina e a redução da hemoglobina.
Estima-se que essa medida diferirá da saturação de oxigênio arterial real em ± 4%. 

Vários fatores diminuem a acurácia da oximetria de pulso, como calibração do aparelho, hipoxemia grave, pacientes críticos, pigmentação escura da pele e temperatura do corpo. 

Na febre a SatO2 tende a cair. Por exemplo, com níveis constantes de PaO2 à 60 mmHg, na temperatura de 37 °C, a SatO2 foi de 91,1% e com 40 °C foi de 85,8%. 

  • Uma vez que os quimiorreceptores dos bulbos carotídeos respondem somente às alterações da PaO2 e não à SatO2, os níveis baixos na oximetria de pulso, não se correlacionam com a dispneia, já que para uma mesma PaO2, se espera níveis de SatO2 diferentes quando o paciente está com febre.

Como pacientes na Covid-19 apresentam febre com frequência, a saturação é incompatível com os níveis de PaO2 contribuindo para hipoxemia silenciosa.


Referências • Tobin, et al. Why Covid-19 Silent Hypoxemia is Baffling to Physicians. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. 2020;202(3). doi: 10.1164/rccm.202006-2157CP. • Xie, et al. Association Between Hypoxemia and Mortality in Patients With Covid-19. Mayo Clin Proc. 2020 June;95(6):1138-1147. doi: 10.1016/j.mayocp.2020.04.006

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