Baleia Azul: ABP, CFM, APAL e Psiquiatras
se manifestam sobre
o risco de
suicídio.
Nota: a baleia azul não tem comportamento suicida.
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Associação
Psiquiátrica da América Latina (APAL) e Conselho Federal de Medicina (CFM) Publicado
em 21/04/2017, às 19h19
Desafios disponibilizados na internet e que
envolvem tarefas, cujo ato final inclui a tentativa de suicídio, têm sido
motivo de preocupação entre pais de crianças e adolescentes.
"Nos últimos dias, “jogos” praticados por
usuários da internet, os quais envolvem tarefas cujo ato final inclui a
tentativa de suicídio, têm sido destaque na mídia e motivo de grande
preocupação para pais, educadores e profissionais de saúde. No entanto, os
acontecimentos atuais apenas trouxeram à luz um grave problema de saúde
pública, ignorado por muitos, mas motivo de preocupação e trabalho contínuo da
ABP e de suas federadas.
O SUICÍDIO é, há anos, a segunda causa de morte em
jovens dos 15 aos 29 anos de idade.
Em mulheres, é a principal causa de mortalidade na
faixa etária dos 15 aos 19 anos.
Apesar de ser o desfecho trágico de um conjunto de fatores (é equivocado e simplista associar o suicídio a uma
única causa), estudos mostram que mais de 90% das vítimas
apresentavam pelo menos um transtorno psiquiátrico, especialmente a depressão,
considerada o principal fator de risco para o suicídio.
Embora faça parte da adolescência, a formação de grupos com símbolos e
rituais em comum merece cuidado e atenção quando práticas abusivas e/ou danosas
para si ou terceiros são compartilhadas.
- A participação do jovem nesses grupos, reais ou “virtuais”, pode indicar uma vulnerabilidade prévia a atos impulsivos, além da presença de sintomas depressivos.
- Mudanças bruscas de comportamento, isolamento social e abandono de atividades prazerosas, tristeza persistente, alterações do sono e apetite, queda no rendimento escolar, lesões sem explicação aparente (sugerindo autoagressão) e mensagens que caracterizam desesperança, despedida ou com conteúdo de morte nas mídias sociais, são um sinal de alerta e não podem ser negligenciadas.
Pais, escolas e profissionais de saúde devem estar
atentos e capacitados para identificar as transformações que apontam para
condutas de risco.
É comum que esses adolescentes, fragilizados pela doença psiquiátrica,
como depressão, transtorno
de estresse pós-traumático ou abuso de
substâncias, ao procurar na internet informações que o
ajudem a entender o que estão sentindo, entrem em contato com conteúdo não
apenas inadequado, como também criminoso.
Especial atenção deve ser dada aos adolescentes que sofreram maus
tratos na infância (incluindo negligência,
abuso emocional e sexual), vítimas de bullying e violência, além daqueles
que apresentem automutilação e, principalmente, história
prévia de tentativa de suicídio.
A orientação, tanto aos
meios de comunicação quanto à sociedade em geral, que quaisquer intenções de
propagação de descrições pormenorizadas dos métodos utilizados pelas vítimas,
bem como a divulgação de fatos e cenas chocantes, sejam substituídas por
informações responsáveis, que reforcem e disseminem o conhecimento associado à
prevenção do suicídio.
Em meio a todas essas notícias alarmantes, a ABP
gostaria de passar uma mensagem de esperança:
a maioria dos suicídios é
evitável.
· Embora pensamentos de morte e de suicídio sejam
relativamente frequentes em pessoas passando por problemas difíceis, a imensa
maioria das pessoas encontra formas mais adequadas de lidar e superar os
problemas.
· O enfrentamento dos problemas, a busca de apoio em
familiares, amigos, grupos sociais como os religiosos e a procura de ajuda
junto a profissionais de saúde estão entre as estratégias de um enfrentamento
bem sucedido.
Entre as estratégias de prevenção, a
identificação e o tratamento dos transtornos psiquiátricos são as mais
eficazes.
Dois aspectos são fundamentais:
1) A disponibilidade de uma assistência
integral à saúde mental, que envolva todos os níveis de atendimento, da atenção
primária a leitos psiquiátricos de internação durante a crise para o
atendimento de casos graves.
2) O combate ao estigma em relação aos
transtornos psiquiátricos, certamente a principal barreira entre a desesperança
causada pela doença e a busca por ajuda.
O combate ao estigma é uma ação vital, que
está
ao alcance de todo cidadão.
Carmita Abdo - Presidente da ABP;
Antônio Geraldo da Silva - Presidente eleito da APAL; Carlos Vital - Presidente
do CFM
Muito interessante.
ResponderExcluirA maioria dos casos não são percebidos pelos familiares.
Gostei!!!