O PESO DA DEPRESSÃO - 2
RELAÇÃO ENTRE
RELAÇÃO ENTRE
DEPRESSÃO, INFLAMAÇÃO, E
AUMENTO DE PESO
A
depressão (MDD - major depressive disorder),
apresenta uma associação histórica com marcadas
alterações de apetite e de peso.
apresenta uma associação histórica com marcadas
alterações de apetite e de peso.
De
acordo com pesquisa publicada na Brain, Behavior, and Immunity¹ (out,2019), aproximadamente metade dos pacientes com MDD
apresentam perda do apetite, enquanto 1/3 deles referem aumento do apetite, e de peso, fato
que se repete em todos os episódios recorrentes da doença, na mesma pessoa.
O padrão de
alterações do apetite nesses pessoas parece ser subjacente a uma patologia
imunológica.
O que
permanece indefinido é o processo neurobiológico específico que transforma uma inflamação
sistêmica, algumas vezes inaparente, em aumento do apetite e em desordem
alimentar.
Nestes
pacientes, o mecanismo de sinalização grelinérgica pode estar relacionado com o
aumento de apetite.
O QUE É SINALIZAÇÃO GRELINÉRGICA?
É uma alteração que ocorre no
Sistema Nervoso Central (SNC), uma das possibilidades atuais para explicar de
que forma uma mesma doença emocional, como a depressão, pode produzir alterações de
peso opostas, obesidade ou emagrecimento, em diferentes pessoas.
A grelina é um neurotransmissor que atua no SNC, importante no processo
neurotrófico, que se refere à habilidade cerebral
de o organismo se adaptar a novos meios e desenvolver novos processos orgânicos
de saciedade. [Processos
neurotróficos promovem o crescimento, a sobrevivência e a diferenciação dos
neurônios; para isso, utilizam peptídeos e proteínas.]
A grelina, também conhecida como o hormônio da fome, é um peptídeo
produzido principalmente pelas células épsilon do estômago e
do pâncreas, quando o
estômago está vazio, e atuam no hipotálamo lateral e no núcleo arqueado, do
SNC, gerando a sensação de fome.
No estômago, células secretoras de grelina incluem ainda as células P/D1 do fundus e parte superior do estômago.
No estômago, células secretoras de grelina incluem ainda as células P/D1 do fundus e parte superior do estômago.
Outros efeitos: a grelina
alcança o hipocampo pela corrente sanguínea e altera as conexões entre nervos e
células estimulando o aprendizado e a memória. Assim, o aprendizado é mais
eficiente durante o dia e quando o estômago está mais vazio, que é quando a grelina
está mais alta na circulação.
Quanto
mais elevada for a produção de grelina, resultando em concentrações altas no
sangue, maior será a sensação de fome. Quando nos alimentamos, a secreção da
grelina diminui e a secreção de leptina aumenta, gerando saciedade.
Esse
mecanismo tem suas raízes no hipotálamo, situado na base do cérebro,
onde se encontram numerosos centros do sistema nervoso simpático e
parassimpático, reguladores do sono, do apetite, da temperatura corporal e de numerosas
outras funções fundamentais para a vida.
Regula todo o metabolismo hormonal humano.
Regula todo o metabolismo hormonal humano.
Se
o hipotálamo lateral for removido, como em estudos experimentais com animais, a
alimentação se torna menos frequente, levando a perda grande de peso e morte. Se o hipotálamo ventromedial for removido o
apetite aumenta muito, levando a ganho de peso e obesidade severa.
1. Cosgrove KT, Burrows K, Avery JA, et al. Appetite change profiles in depression exhibit differential relationships between systemic inflammation and activity in reward and interoceptive neurocircuitry [published online October 8, 2019]. Brain Behav Immun. doi: 10.1016/j.bbi.2019.10.006
Conclusões:
1. Inflamações
periféricas (fora do SNC), podem ter um papel nos processos
comportamentais e neurológicos subjacentes às alterações de apetite e de peso na
depressão;
2. Pesquisa de Simmons e Cols., (Molecular Psychiatry,3), verificou
ser possível que uma inflamação sistêmica, em pessoas com depressão,
possam levar a uma sinalização interrompida via hipotálamo, bem como um subsequente
embotamento dos sinais homeostáticos de saciedade, que levam informação a essas
áreas no SNC.
Esses
estudos, associados a futuras delineações tanto das inflamações, como dos subtipos
de alterações de apetite, poderão, finalmente, levar a uma objetivação maior, mais
personalizada, a um tratamento mais efetivo da depressão maior, e à prevenção
dos seus concomitantes resultados adversos para a saúde, como a obesidade e as doenças cardiovasculares.
1. Cosgrove KT, Burrows K, Avery JA, et al. Appetite change profiles in depression exhibit differential relationships between systemic inflammation and activity in reward and interoceptive neurocircuitry [published online October 8, 2019]. Brain Behav Immun. doi: 10.1016/j.bbi.2019.10.006
2.
Cerit H, Christensen K, Moondra P, Klibanski A, Goldstein JM, Holsen LM. Divergent associations between ghrelin and neural
responsibility to palatable food in hyperphagic and hypophagic depression. J
Affect Dis. 2019; 242:29-38.
3.
Simmons WK, Burrows K, Avery JA, et al. Appetite changes
reveal depression subgroups with distinct endocrine, metabolic, and immune
states [published online June 13, 2018]. Mol Psychiatry. doi: 10.1038/s41380-018-0093-6
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