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24 de novembro de 2011

Depressão no Ciclo da Vida

  1. Elimar Jacob Salzer Rodrigues
Entrevista para a jornalista Izaura Rocha
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-O que é a depressão?
EJ - O termo Depressão tem sido equivocadamente usado para significar tanto uma frustração, um desapontamento, um luto, uma tristeza. O Transtorno de Humor Depressivo é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas, que dificulta ou impossibilita a vida da pessoa e merece tratamento sério.

-Porque depressão no ciclo da vida?
EJ - Porque é possível fazer-se o diagnóstico do transtorno depressivo em todas as faixas etárias desde a infância até a velhice, independente de sexo ou de etnia.
Em qualquer época da vida, a depressão é uma doença que afeta a pessoa como um todo. Compromete o pensamento, o comportamento e a saúde física.

-Qual é a maior frequência de aparecimento da doença ?
EJ - Embora o aparecimento dos sintomas depressivos possa se dar em qualquer época da vida, eles são diagnosticados mais frequentemente, entre os 20 e os 40 anos. 
15 a 25% da população podem apresentar sintomas depressivos, em algum momento da vida.
São duas vezes mais comuns na mulher do que no homem.
As mulheres apresentam ainda formas de depressão de gênero, como:
Transtorno Disfórico Pré-menstrual (TPM – transtorno pré-menstrual)
Depressão pós-parto (D. puerperal), Depressão pós-menopáusica.

-Qual é a causa da doença depressiva?
EJ - A concepção atual é de que a doença depressiva resulte de uma interação complexa de predisposição genética com fatores ambientais, em graus variados. 

Há os sintomas depressivos diretamente relacionados aos estressores ambientais como: instabilidades (afetivas, financeiras, profissionais), o uso de drogas ilícitas e de certos tipos de medicamentos (inibidores do apetite), as modificações hormonais da mulher (menstruação, gestação, parto, climatério), doenças físicas crônicas ou terminais, além de outras causas.

-Quais são as características da Depressão?
EJ - Diagnostica-se o transtorno do humor depressivo quando coexistem na pessoa humor deprimido e perda do prazer - para situações que sempre foram consideradas agradáveis, inclusive para o sexo - com quatro ou mais dos sintomas da seguinte relação: alterações de sono e de peso, sentimentos de culpa, sensação de inutilidade e de rejeição, redução da auto-estima, auto-desvalorização, pessimismo, percepção de que nada pode melhorar, redução acentuada da energia, desânimo, apatia, redução da atenção e da memória, instabilidades emocionais como reações hostis, crises de choro imotivadas, idéias, planejamento e tentativa de auto-extermínio, nos casos mais sérios.
Para o diagnóstico é necessário que esses sintomas persistam por um período mínimo de duas semanas.
-Quais são as principais características da depressão na infância?
EJ - A depressão não é rara em crianças e em adolescentes, mas pode ser um quadro de dificil diagnóstico, porque as características que têm mais realce são as de irritabilidade, os acessos de raiva, a hostilidade, a rebeldia, a queda de rendimento escolar, o descaso com o próprio corpo e com a higiene, alterações do apetite e do sono, desânimo, indiferença afetiva e para com o meio. Muitos desses sintomas podem ser considerados comuns nesta faixa etária. 
É essencial a avaliação médica para afastar causas clínicas desses sintomas como endocrinopatias, abuso de drogas e doenças neurológicas. 
Essa investigação deve incluir a história educacional e a história familiar.

-E no idoso?
EJ - Em decorrência da maior longevidade da população, tem-se valorizado a depressão no idoso, como um dos mais importantes problemas de saúde pública da atualidade.

Até recentemente, a depressão era considerada como consequência inevitável do envelhecimento. A depressão é, na realidade, um desvio do padrão normal dessa faixa etária. Apesar disso, a prevalência de sintomas depressivos acima de 65 anos é elevada, variando de 8 a 15% nas  pessoas que vivem em suas próprias casas, até 30 a 50% entre aquelas que vivem em instituições hospitalares ou asilares.

Os sintomas depressivos são também altamente prevalecentes nas doenças neurológicas que podem ocorrer no idoso: nas demências, no pós-AVC (isquêmico ou hemorrágico), na D. de Parkinson, nas coronariopatias.

Os sintomas depressivos estão presentes, em comorbidade, com: hipertensão arterial, diabetes, nas limitações de movimentos, nas deficiências de acuidade auditiva e visual, e assim por diante.

Por tudo isso, o idoso sofre uma série de restrições em sua liberdade e em sua autonomia, mesmo possuindo independência financeira.
 
Muitas vezes o quadro depressivo não é identificado, apesar de sintomas como apatia, inquietação, queixas somáticas, querelância, prejuízo cognitivo, dificuldade de concentração, fadiga e insônia.

A ausência de diagnóstico dos sintomas depressivos e, consequentemente, a falta do seu tratamento adequado comprometem a recuperação das doenças de base.

Além disso, a polifarmácia, muitas vezes necessária, pode complicar os sintomas depressivos, pelos efeitos colaterais dos fármacos por si e pela interação deles.

Risco: A comorbidade depressiva em qualquer faixa etária, especialmente no idoso, 
pode reduzir sua resistência imunológica aumentando a mortalidade .




Um comentário:

  1. Excelente.Parabens por conseguir compactar um tema tão complexo em poucas palavras,mas com bastante clareza.
    Sarah

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