Diabetes e Depressão

• Depressão pode provocar Diabetes?
• Diabetes, causa Depressão?
• Para ambas as perguntas a resposta é SIM.

Elimar Jacob Salzer Rodrigues
Autora do capítulo Diabetes e Depressão - In Diabetes e Você (Elizabeth e Gilson de Oliveira, Org.)
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Depressão e Diabetes são doenças que têm 

uma marca familiar, genética.

Nas pessoas geneticamente predispostas, é comum a presença desses dois transtornos simultaneamente, um podendo desencadear o outro, agravando os sintomas de ambos, tornando o tratamento mais difícil, trazendo maior sofrimento para a pessoa e seus familiares.

Sabemos que qualquer doença prolongada que imponha limitações  desconfortos e dores, provoca sintomas depressivos.

 

Adolescentes e adultos diabéticos, mesmo aparentando boa adaptação à doença, apresentam sintomas depressivos em maior ou menor grau.

A presença de depressão é o principal fator preditivo para uma evolução mais grave, considerando-se hospitalizações e mortalidade.

A depressão pode ser uma complicação da doença clínica, a causa dela, ou uma comorbidade.

Lamentavelmente, esta relação é pouco valorizada, frequentemente negligenciada, sub-diagnosticada, recebendo tratamento fragmentado, sub-terapêutico, ou não recebendo atenção alguma.
 

Se a questão depressiva não for considerada, haverá prejuízo significativo no controle do diabetes porque:

 1. na pessoa deprimida, a frustração e o desânimo, dificultam ainda mais a sua persistência na dieta, na medicação, nos demais cuidados e aumentam a sua resistência em sair do sedentarismo;

2. as limitações da pessoa com diabetes intensificam os sintomas depressivos, formando-se um círculo vicioso em que um fator agrava perigosamente o outro.

 

No diabetes com descontrole metabólico, as alterações de apetite e de peso, a dificuldade de concentração, a perda de energia e de interesse resultam em retraimento social, tristeza e sentimento de solidão.  Esses sintomas estão presentes também no paciente deprimido. 

Pelas razões acima, a comorbidade Diabetes / Depressão concorre para a elevação do risco de lesões orgânicas como as vasculares, a neuropatia, a retinopatia diabética, entre outras complicações irreversíveis do diabetes.

 
Será possível separar-se perfeitamente os sintomas clínicos dos sintomas emocionais?
Ou a pessoa deve ser vista como um todo?

O conceito internacional é de que, no diabético e em todas as doenças crônicas, o tratamento correto das manifestações depressivas pode fazer a diferença no sucesso, ou não, do controle clínico da doença de base.

 
Amplia-se a atenção dos profissionais de saúde, antes exclusivamente dedicada aos sintomas, e recoloca a pessoa no centro das atenções.