A CID-11 não reconhecerá possibilidades de
patologização da homossexualidade.
The ICD will not recognize possibilities to pathologize homosexuality
A Organização Mundial de
Saúde (OMS) está em processo de revisão da Classificação Internacional de
Doenças e dos Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), atualmente em vigência.
A CID é utilizada no mundo todo para monitorar a incidência e a prevalência de doenças e outras condições de saúde, e é instrumento padrão de diagnósticos para a obtenção de dados epidemiológicos de mortalidade/morbidade, gerenciamento de saúde e para fins clínicos.
Várias mudanças vêm
sendo propostas para as condições relacionadas à sexualidade e à saúde sexual,
sendo uma delas a total eliminação de todas as categorias do código F 66 - Transtornos psicológicos e comportamentais
associados ao desenvolvimento sexual e à sua orientação - da CID 10.
Isso porque acredita-se que
a atual versão tende a patologizar uma resposta normal do desenvolvimento e
gerar mais estigma, discriminação social e possíveis idiossincrasias
terapêuticas.
O que determina a
orientação sexual (direção do desejo sexual e amoroso que uma pessoa sente
pelas outras)
permanece alvo de pesquisas.
A bissexualidade é
definida como a atração e o desejo
sexual por ambos os sexos.
Existem dúvidas sobre se a bissexualidade existe enquanto orientação sexual distinta
e estável, ou se seria um período de transição, já que pesquisas apontam que 40% dos homossexuais se
declaravam bissexuais antes de assumirem a homossexualidade.
O fato é que ainda há
muito a se aprender e o que temos, na visão dos estudiosos da área, é um grande
enigma de controvérsias.
Assim, a orientação
sexual não pode ser explicada por fatores ou causas simplistas. Ao contrário,
são tantas e tão complexas as hipóteses, que as pesquisas prosseguem em numerosos campos.
Cabe aos profissionais
de saúde diminuir estigmas e preconceitos e trabalhar na aceitação dentro de
uma perspectiva mais afirmativa para pessoas com orientação homossexual ou
bissexual, considerando que essas orientações não são doenças mas, simplesmente,
um aspecto da sexualidade humana.
Não parece utópico
pensar que as sociedades podem exercitar atitudes mais respeitosas e de
inclusão, construindo uma nova realidade em defesa da dignidade individual e
harmonia social. Para tanto é importante que haja ampliação do conhecimento
capaz de gerar mudanças de atitude e de comportamento diante da diversidade
sexual humana.
Os Departamentos de Saúde Mental e Abuso de Substâncias e de Saúde Reprodutiva e Pesquisa, da Organização Mundial de Saúde, vêm trabalhando desde 2008 para o processo de revisão da CID.
Os
dois departamentos acima designaram um grupo de trabalho internacional e
interdisciplinar (que incluiu 11 especialistas, que representam todas as regiões da OMS) para estabelecer a classificação dos transtornos sexuais e da saúde
sexual.
O processo de revisão da CID é colaborativo e oferece a oportunidade para as pessoas interessadas encaminharem
sugestões ou comentários pelo site:
http://apps.who.int/classifications/icd11/browse/l-m/en.
As contribuições passarão pela apreciação de
especialistas da área.
Artigo:
A CID-11 não reconhecerá possibilidades
de patologização da homossexualidade. Alessandra Diehl, Denise Leite
Vieira, Jair de Jesus Mari.
Revista:
Debates em Psiquiatria, Ano 4, Nº 5, Set/Out 2014, da Associação Brasileira de
Psiquiatria.
Sumário:
Elimar Jacob Salzer Rodrigues.
Comentário:
Dr. José Flávio Moura Magalhães, renomado Otorrinolaringologista de JF.
Prezada Elimar.
"Por mais impetuoso que nosso progresso tenha sido, precisamos continuar inteiramente honestos com nós mesmos e reconhecer que só descobrimos uma minúscula fração do que há para saber sobre o cérebro humano".
Do livro "O QUE O CÉREBRO TEM PARA CONTAR", V.S. Ramachandram, Zahar Ed.
Acho que a falha no conhecimento científico pleno sobre a sexualidade humana, como você expõe, vai ao encontro da afirmação acima.
Parece-me que a Ciência está em débito com a sociedade em relação a este assunto sexualidade.
Quanto ao seu excelente trabalho relacionado a ESTRESSE EMOCIONAL, é de nossa rotina profissional assistirmos os inúmeros casos de Nistagmo e Vertigem de Posição, puramente desencadeados por fatores emocionais.
Amiga querida Dra. Elimar.Saudades. Li todos os artigos. Achei-os muito interessantes. Aprendi muita coisas. Parabéns pois os artigos trouxeram novos conhecimentos. Abraços. BJS!
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